20180308
Sou do cíclico. Sou da espera, do antecipar, do arrumar, engavetar, do projetar do futuro, do saborear o passado. Sou da distância, sobretudo se temporal, do repesar e do repensar, do refletir, do descobrir e decidir. Sou do diálogo entre o tudo e o nada, do fluir, do efémero, da fome de eternidade. Sou do hoje, do aqui, do agora, e do sonhar, do preparar, do anunciar. Sou da penumbra e da alvorada, da manhã que ainda não é manhã, da noite que ainda é dia. Sou do efémero, da areia que se escapa por entre os dedos, sou do tempo que passa e se torna passado, peso, âncora, raiz. Sou do deambular, do sempre novo, do descobrir, sou do reconhecimento do olhar, do antecipar, da certeza da espera. Sou da chuva num dia de sol, sou do reflexo do sol no chão que piso quando caminho no cinzento da manhã. Sou das gaivotas, das asas ao vento, da liberdade, sou dos elefantes, firmes e pesados, agarrados à terra, tendo como horizonte o lugar do último suspiro. Sou da verdade do "às vezes", da autenticidade do "nem sempre", da redutibilidade do "para sempre", do efémero "nunca mais". Sou do âmago, das entranhas, do tumultuoso profundo, sou do inconsciente, do inconsistente e inconsequente. Sou e não sou frequentemente, alternadamente, genuinamente, em função do vento, do sol da manhã, do sonho, do cansaço. E em tudo o que sou, o que procuro ser, sempre, é justamente, precisamente, almadamente, o que não sou. Em cada momento.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Bambora
Não é estranho que nos digam que «ser homem é muitas vezes uma experiência de frustração». Mas não é essa toda a verdade. Apesar de todos ...
-
Gosto dos Jogos Olímpicos. Desde miúdo que me fascinava a capacidade destes super homens e mulheres capazes de desafiar os limites com uma f...
-
Chegou aqui a pedido institucional. Dez anos, e a vida já num emaranhado de complicações: maus tratos, impedimento judicial de aproximação d...
-
Ainda me espanto! Perante o desafio de pensar num adulto que tenha sido significativo na minha infância e adolescência - no sentido de me te...
Sem comentários:
Enviar um comentário