Nunca fui de grandes atos de coragem. Sonhava-os muitas vezes, continuo a sonhá-los algumas, embalado pelas memórias do Cavaleiro da Triste Figura, dos filmes do Zorro e do Gavião dos Mares do Errol Flyn, devidamente condimentadas pelo Major Alveja. Choro sempre nos filmes dos heróis que dão a sua vida por um bem maior ansiando pela oportunidade que a vida me dará de um dia fazer algo do género e imagino o meu funeral ao som da música de Taizé ao pormenor de pensar o que será escrito na minha lápide - dando de barato que se for cremado, como desejo, não terei direito a lápide. A verdade é que nunca fui dado a grandes atos de coragem. A pequenos talvez, ínfimos, provavelmente, aqueles que nunca são contados nas histórias nem aparecem nos filmes porque são atos banais de pessoas banais com vidas banais. Não é isso que me apoquenta. Eu gosto do pequeno. Aprecio o pequeno. Valorizo o pequeno, o quotidiano, o (apenas) aparentemente banal. 
Mas há alturas em que o pequeno não basta. Porque deixa arrastar, porque não decide, porque não escolhe, porque a única coisa que permite é ficar em mãos alheias, o que não tem nenhum mal a não ser o da demissão de ser. Que é sempre um mal maior.

A passagem do ano é um pouco como o aniversário. Ou como Julho para quem está ligado à educação. É altura de balanço, de pensar no que foi bom e mau, e prometermo-nos que desta vez será diferente. E é sempre! Porque é uma mesma vida mas mais aprendida, mais vivida, eventualmente mais sofrida, mais amada, quando temos sorte.

2016 foi ano de perdas. De lutas. De dúvidas. De abalos. Tudo em grande. À exceção de grandes conversas, de maiores caminhadas e de encontros de alma, não deixará grandes saudades para este lado. Mas já passou. Vem aí 2017. De mim, nesse ano que se aproxima, espero coragem. Segundo a definição acima. Já vai sendo tempo!

Comentários

Mensagens populares deste blogue