"Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, 
pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. 
Basta a cada dia o seu problema." Mt 6, 34



Pés na terra, olhos no céu, coração ao largo.

Quando no colégio ou em Ramalde não acreditam que nunca bebi demais, justifico-me com a mesma frase de sempre: nunca me embebedei pelo mesmo motivo pelo qual não ando nos escorregas: não faço nada que escape ao meu controlo. Sempre que o digo sei que são balelas: efetivamente nunca bebi demais e é por esse motivo, mas ando algumas vezes em escorregas, apesar de me arrepender sempre a meio da descida quando ando às bolandas. Sei perfeitamente que o controlo, qualquer controlo, é ilusório. O mais que fazemos é um cálculo de probabilidades seguido de uma gestão de danos. A maior parte das vezes basta-nos levantar, sacudir o pó, e avançar. Quando temos sorte, com a ajuda dos que nos amam.
Nunca como no ano que acabou tive a sensação que a vida se me escapava por entre os dedos. E o mais curioso é que no início tive mesmo a ilusão do controlo. Ilusoriamente, acreditei que detinha o controlo do que era, do que ia sendo e pensando e sentindo e fazendo até que tudo se me escapou por entre os dedos. Num ano de perdas extremamente dolorosas - pessoais, familiares, comunitárias - muitas vezes senti que mal me conseguia manter à tona.

Espero ter aprendido a lição.

Pés na terra, olhos no céu, coração ao largo.

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