Tão inevitável como eu fazer um balanço de final de ano é eu escrever aqui que é inevitável eu fazer um balanço de final de ano.

Estava agora a ler uma notícia e deparei-me com uma palavra na qual não penso muitas vezes mas que me diz muito - e porventura poderá até dar-me pistas que contribuam neste constante processo de definição pessoal: itinerante.

Este ano foi um ano de itinerâncias. Tantas que às tantas já me perdia de mim. Ontem disseram-me que o que me vale é que as pessoas que me rodeiam - e me amam - são adultas por mim e, à força de amar, me vão quase forçando a escolher os caminhos que eu deveria escolher se tivesse o hábito - que não tenho - de manter a cabeça em cima dos ombros e o coração no lugar certo. A verdade é ao longo deste ano me descobri a querer sol na eira e chuva no nabal, reconciliar o inconciliável e ficar de bem com Deus e o Diabo. Nessa mesma conversa de ontem lá fui concluindo, a custo - acontece-me muito ir descobrindo conclusões à medida que a conversa flui - que raramente tomo decisões, que vou esticando as cordas até que todas elas rebentem e eu não tenha mais alternativa.

Gosto de pensar que sou bom a acolher o que a vida me vai dando e péssimo a decidir o que quero que ela me dê. Talvez seja melhor a erguer velas e a confiar no vento que a traçar rotas. Até porque dá muito mais trabalho, convenhamos. Talvez por isso esta itinerância constante que me vai mostrando novos mundos enquanto me rouba a serenidade.

Apesar de tudo, gosto muito mais da ideia maluca de tentar abraçar a chuva que da seca de evitar a molha. Mesmo que seja justamente isso que me faça perder.

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