Os últimos dias foram ricos em celebrações: duas bodas de prata e uns votos perpétuos. Se os dois primeiros vão sendo mais ou menos comuns - o meu grupo de amigos está nesta fase, agora - nunca tinha ido a uns votos perpétuos. Dizia ontem, em tom de brincadeira (ou tanto ou quanto estúpida, mas enfim...) que ainda não tinha visto o noivo.

Durante a cerimónia, muito bonita e com a Sé de Coimbra quase cheia, questionava-me muitas vezes, em silêncio, o que levará hoje uma mulher bonita, inteligente e arejada a professar os votos perpétuos. Não lhe faltariam pretendentes se assim o desejasse, não faltaria emprego, tal é a sua capacidade de entrega, não lhe  faltariam inúmeras possibilidades de felicidade no aconchego de um lar, na família que ela quisesse constituir.

Mesmo eu, que tenho fé, que estudo as coisas da fé, que ando sempre à procura das razões de acreditar, que todos os dias tenho a sorte de contactar com uma data de Irmãs que são verdadeiro testemunho de entrega aos outros - nem todas, é certo, mas a grande maioria é-o - tenho alguma dificuldade em entender. Tendo sempre a considerar que quem faz essa opção foge sempre de alguma coisa, esconde-se sempre de alguma coisa, quer sair de casa, fez qualquer asneira, um namoro que correu mal, uma qualquer rejeição... é estúpido, eu sei, mas é-me igualmente inevitável este tipo de considerações.

Mas felizmente a vida não permite que me fique por aqui. Pessoas como a Ir. Ana colocam-me no devido lugar com uma facilidade imensa. Recordam-me que a radicalidade da vida em Jesus é ainda possível, recordam-me esse encantamento total e absoluto que conduzem a uma entrega total e absoluta, quase anacrónica, mas tão importante.

A simples existência da Ir. Ana, a qualidade do seu contacto com toda a malta nova, a sua entrega incondicional, falam, ainda que sem palavras, muito mais de Jesus que qualquer discurso, que qualquer homilia, que qualquer curso de catequese. Nem precisaria de fazer nada. Nem precisaria de dizer nada. Bastava olhar para ela e deixarmo-nos interpelar pelo seu sorriso para darmos graças por um Deus se faz vida assim.

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