20120610
Não é meu... mas gostava ;-)
Tens um GPS próprio para me procurares. Reconheces-me nos olhares, na forma como me aninho, nos sorrisos, não sempre iguais, não sempre igualmente intensos. Conheces-me descalça, fugida, desertora ao próprio tempo. Sabes-me em sofrimento, em lágrima escondida, em silêncio crónico. Ouves-me respirar, vives a tensão em que fervilho por vezes, rebentas em versos certos nas alturas erradas, sorris e sabes que estou nos meus dias.
Há um lugar que apenas nós conhecemos, descalços, mais eu do que tu, porque eu fugia e tinha vontade de sentir o chão fugir comigo. Tu não, nunca fugias. Sabias onde me procurar. Debaixo da lua, num tempo só nosso, no lugar que apenas nós conhecemos. Tal como o conhecemos. Desenhamos mapas, juntos, fazendo a única viagem que se permite a um homem fazer, ao cento de nós mesmos, deixando o risco no penhasco da defesa, criando a presença num vazio ainda não extinto, enredados numas mãos que não procuravam prender, mas desejar em liberdade. Foste querendo de mim, mais do que aquilo que queria ou conseguia. Pedindo os sentimentos à alma. Traçavas os mapas e eu temia que te perdesses. Em caminhos pouco acabados, naqueles que começava a percorrer. A medo. Com medo. Sabia-lo.
Fazes-me falta. No silêncio partilhado. Na cumplicidade em que só a amizade cabe. Na forma agora gravada em oco, cheio, vivo. Voltávamos, quase sempre, no dia seguinte. Curiosamente nunca me despedi daquele lugar. Fecho os olhos e estamos lá nós. Recordados. Abraçados. Na incerteza da única certeza de nos termos. De nos irmos conquistando. Nunca tivemos presenças mal nutridas um no outro, pelo menos assim o sinto, mesmo quando o banal tomava conta de nós. Sempre estivemos. Sempre. Para sempre. Nas memórias dos lugares que voam sobre nós. Nas memórias dos lugares que habitamos um no outro. Num lugar que só nós conhecemos. Aquele que, em certeza, está e estará, sempre, para sempre, em nós.
Talvez voltes ao terraço mais cedo do que eu, talvez te lembres de mim.
Fazes-me falta.
http://entrevirgulasdobradas.blogspot.pt/2012/06/tens-um-gps-proprio-para-me-procurares.html
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Bambora
Não é estranho que nos digam que «ser homem é muitas vezes uma experiência de frustração». Mas não é essa toda a verdade. Apesar de todos ...
-
Somos bons a colocar etiquetas, a catalogar pessoas, a encaixá-las em classes e subclasses organizando-as segundo aspetos que não têm em c...
-
"Guarda: «Temos menos sacerdotes e, por isso, precisamos de valorizar, cada vez mais, os diferentes ministérios e serviços laicais nas ...
-
Sou contra o aborto. Ponto. Sou-o desde sempre. A base da minha posição é simples: acredito que a vida começa com a conceção. Logo, não é lí...
Sem comentários:
Enviar um comentário