20120529
Por vezes, temos alturas em que as forças se unem para repararmos naquilo que é mais importante. Desde a semana passada que, por variadíssimas instâncias, aparentemente sem qualquer ligação entre si, tenho sido levado a recordar a amizade como o mais nobre dos sentimentos. Desde conversas sérias, longas e profundas - como a verdadeira amizade é - a programas de podcast, a encontros com amigos de longa data - eu sei, nunca nos reencontramos com os amigos de longa data simplesmente porque nunca nos separamos deles verdadeiramente - naquilo que tem constituído uma boa parte e uma parte boa dos meus dias.
Há muitos anos que considero a amizade o mais nobre dos sentimentos. Ainda ontem, enquanto escutava o Júlio Machado Vaz no seu absolutamente delicioso podcast, deixava-me navegar pelos (poucos) bons amigos que tenho, alguns de longuíssima data outros muito mais recentes, uns mais velhos que eu, outros bem mais novos, e todos tão importantes para o meu parco equilíbrio afectivo.
No domingo o Benjamim e a Goreti chegaram, quase sem aviso prévio, e como sempre, sentamo-nos em volta da mesa enquanto comíamos e falávamos de tudo e de coisa nenhuma, enquanto nos ríamos a bandeiras despregadas ou nos confessávamos assustados pelo estado da Nação. Tudo normal se esquecermos que já não estávamos assim, juntos, talvez há meia dúzia de anos. E que, como sempre, conversamos como se tivéssemos estado juntos todos os dias da semana passada, como se a vida não nos tivesse levado por caminhos diferentes, que no entanto volta e meia se vão cruzando.
São assim os amigos. Sem pruridos, sem cerimónias, sem bater à porta, sem pedir desculpa, sem nada na manga, sem perguntar se pode ser. Sabemo-nos uns dos outros. Sabemos para quem telefonar, com quem contar, a quem contar, qualquer que seja a hora, o dia, ou a questão. Sabemos que nem sempre gostam, nem sempre concordam, nem sempre nos dão palmadas nas costas, mas conhecem-nos o suficiente para distinguir a melhor altura para dar na cabeça ou afagar a cabeça.
O que seria de mim sem eles!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Bambora
Não é estranho que nos digam que «ser homem é muitas vezes uma experiência de frustração». Mas não é essa toda a verdade. Apesar de todos ...
-
Somos bons a colocar etiquetas, a catalogar pessoas, a encaixá-las em classes e subclasses organizando-as segundo aspetos que não têm em c...
-
"Guarda: «Temos menos sacerdotes e, por isso, precisamos de valorizar, cada vez mais, os diferentes ministérios e serviços laicais nas ...
-
Sou contra o aborto. Ponto. Sou-o desde sempre. A base da minha posição é simples: acredito que a vida começa com a conceção. Logo, não é lí...
Sem comentários:
Enviar um comentário