Não sou particularmente diferente de ninguém. Também eu tenho uma zona reservada a olhares alheios, a julgamentos alheios, a opiniões alheias. Também eu tenho partes de mim que não gosto de revelar, de dar a conhecer, de colocar nas mãos dos outros. Não porque desconstrua qualquer imagem que possam ter de mim - já referi algures por aqui que essa é uma das coisas boas da idade: percebemos que não podemos agradar a todos e aprendemos a viver bem com isso - mas, principalmente, porque não quero incomodar niguém, pertubar ninguém, principalmente aquelas pessoas que me vão conhecendo melhor.

Porque acredito piamente na nossa possibilidade de recomeçarmos sempre, todos os dias - por vezes até várias vezes ao dia - é frequente transmitir sinais confusos aos outros: ora pensam que sou melhor, ora pior do que efetivamente sou. Preocupa-me de modo particular a primeira hipótese. Porque quando os outros têm de nós uma imagem negativa só podemos subir, agora, quando sucede o contrário, o único futuro é a decepção, e isso é terrível. Por isso, quando tento baixar as expectativas normalmente pensam que me estou a armar aos cágados, a brincar aos humildes, e não acreditam.

Da última vez que isso me aconteceu dei comigo a perguntar-me se não seria eu a ter uma imagem errada de mim próprio. Nada disso. Apertando-me nos momentos certos, tirando-me o tapete, levando-me para além do meu limite, não sou mesmo flor que se cheire. E o melhor a fazer, mesmo, é tentar resistir.

Até à próxima.


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