No matter what anybody tells you, words and ideas can change the world.



É o filme da minha vida. Sem dúvida. Não porque tenha uma história excecional, ou porque tenha atores excecionais. Apenas mudou a forma como me comecei a ver a mim próprio e, sobretudo, porque me disse como eu próprio poderia ser. Apercebi-me que poderia soltar amarras e que há um caminho para além do socialmente aceitável, que se pode ser respeitado como educador prescindindo das formalidades e da distância afetiva que muitos educadores acham essencial. O "respeitinho" é ainda muito bonito para muita gente. 

Ontem fui com um dos meus filhos (o mais velho dos rapazes) ao Shopping. Enquanto andávamos lá vimos aquela que é uma das nossas melhores amigas. Tem a idade dele mas é uma das pessoas que mais admiro, que mais me ensina pela sua postura, pela sua doçura e pela sua tenacidade. Este ano fomos juntos a Moçambique e um mês de convivência diária apenas reforçou a admiração, que até sinto como mútua. Sei também que o meu filho a admira muito, que ela é uma das referências da sua vida. Cumprimentámo-nos mutuamente - com abraços, como faço com as pessoas de quem gosto - com toda a normalidade e seguimos as nossas vidas. No entanto, quando íamos para casa ela voltou à nossa conversa, E o meu filho, conservador como é, fez questão de, mais uma vez, me dizer que não entende a forma como eu me relaciono com algumas pessoas mais novas. Que eu deveria ter mais cuidado, que nunca tinha visto um professor da sua escola ter o tipo de relação que eu tenho com muitos alunos e que isso poderia ser mal entendido.

Sorri, claro. Este tipo de discussão não é novo na minha vida. Pelo contrário, desde que eu decidi prescindir desse tipo de barreiras que sou muitas vezes acusado de excessiva proximidade. Principalmente por aqueles que me são mais próximos, não sei se por preservação, se por preocupação. Provavelmente por uma mistura das duas.

A verdade, porém, é que, apesar de me porem sempre a ponderar se esta será mesmo a atitude mais correta, creio que já não conseguiria ser de outra forma. Em mais de vinte anos de contatos com malta nova nunca tive grandes problemas de mal entendidos de confiança - e quando tenho não deixo que se arrastem - sempre senti que os ganhos eram imensamente superiores às eventuais perdas e, mais que tudo, permitiu-me crescer com os outros, qualquer que seja a sua idade. Por vezes corro riscos, claro, e o mais sério é o de por vezes não fazer uma avaliação correta da pessoa que tenho diante de mim com todas as dificuldades que isso potencia, mas quando isso acontece tenho normalmente uma voz amiga que, qual grilo falante, me alerta e me permite aperceber do que me era despercebido. 

Quanto ao que os outros pensam... Sei bem que não sou uma ilha, por isso escuto sempre muito atentamente os grilos que, graças a Deus, abundam na minha vida. E pondero sempre as suas opiniões. 


Contudo, se desse sempre ouvidos aos que me rodeiam provavelmente ainda hoje estaria no Bairro. 

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