Não conheço melhor forma de avaliar a minha amizade, senão a das lágrimas e dos sorrisos. Nada do que acontece com aqueles de quem sou amigo me é indiferente, me passa ao lado, passa despercebido. Quando muito, olho para o outro lado, invento uma laracha que desvie as atenções, ou então faço-me de muito ocupado. Quando estas coisas não resultam, então, paro, olho nos olhos, acontece uma permissão mais tácita que formulada e preparo-me para o que aí vem. Às vezes é bom, às vezes é mau, noutras é pior ou melhor que isso. Quando as coisas são verdadeiramente boas ganho o dia como se fossem minhas, rejubilo, pincho e louvo a Deus. Quando são verdadeiramente más, sou de lágrima fácil e desavergonhada, não digo nada e louvo a Deus (Job ensinou-me muito no que toca a louvar a Deus).

Entendo perfeitamente que isto possa parecer estúpido para quem está de fora. Exasperei já muitas vezes com a minha Catarina que nas coisas más sai tanto ao pai que dói. Perguntei-lhe inúmeras vezes se ela não tinha vida própria, se precisava das alegrias ou das dores dos outros para viver, numa tentatíva tão sem sentido quanto inglória de tentar que ela seja exatamente como é. Talvez fosse para evitar que ela tenha dias como alguns dos meus dias, ensombrados pelas dores que, sendo de outros, não me são alheias. É estúpido, porque se tiver a sorte do pai terá também muitos mais dias ensolarados pelas suas alegrias.

Hoje o meu dia anoiteceu.
De repente.
Deus seja louvado!

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