Ainda anda cá por dentro o que me disseram: "a frase "estamos juntos" é mesmo a tua cara."

Acredito muito que o nós, quando temos a sorte de encontrar as pessoas certas, vale muito mais que a soma dos eus. São incontáveis as vezes em que me deixei levar pela confiança dos outros, pela sua aposta, pela sua certeza - que era apenas sua, não minha - que não as deixaria ficar mal. Acredito mesmo que o amor nos leva para lá do nosso horizonte, como cantam os Santos e Pecadores.

Mas em mim nada é assim tão linear. Apesar de viver em função do nós, são muitos os momentos em que anseio estar só, comigo e com os meus devaneios, desfrutar sem culpa do enorme prazer que é para mim caminhar sozinho enquanto a cabeça passeia sem destino. São muitas as alturas em que procuro afincadamente a tranquilidade, a paz de espírito, o poder ser eu e apenas eu como se apenas eu contasse para mim. São muitas as ocasiões em que me apetece armar-me em Forrest Gump e sair não correndo como ele porque já não dá para isso, mas caminhando sem me preocupar com o que vem a seguir, e andar, andar, andar...

E no entanto...

Hoje a minha mais-que-tudo tem Dia de Reflexão e dorme fora de casa. E eu, totó, apesar de ter os filhos todos em casa, sinto a falta da sua voz, do seu cirandar, da sua manifesta incapacidade de descansar enquanto não está tudo devidamente organizado e que, quase sempre, me irrita solenemente.

Afinal, parece que todo aquele desejo de estar só, comigo e com os meus devaneios, se esfuma assim que tenho a oportunidade de o fazer e que apenas é bom enquanto desejo, possibilidade, nunca enquanto realidade.
Afinal, parece que aquele desejo de estar só é muito bom conquanto tenha alguém para quem voltar, para me acolher, para me levar para além do meu horizonte.
Afinal, parece que o "estamos juntos" é mesmo a minha cara.

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