Sou um admirador de Mourinho. Extremamente confiante, extremamente dominador, extremamente senhor de si e das suas opiniões, habituado a existir contra tudo e contra todos, Mourinho é a perfeita antítese de tudo aquilo que eu sou. Também por isso o admiro.

Contudo, há uma coisa que me deixa sempre impressionado nestas pessoas que são cheias de si: a determinada altura perdem a noção do equilíbrio, da necessidade da presença dos outros na sua vida, e tornam-se arrogantes, convencidas, intratáveis, até. Tudo aquilo que eu detesto em alguém.

Na verdade, não tenho a certeza se ambas as coisas não terão que andar juntas: a confiança com a arrogância, o lutar contra tudo e contra todos com a inflexibilidade. Por vezes penso que são duas faces da mesma moeda, são como que gémeas siamesas, absolutamente inseparáveis e interdependentes.

O problema é que nestas alturas recordo com facilidade personalidades como Gandhi, a Madre Teresa ou Mandela - já para não falar em Jesus. Pessoas extremamente confiantes e dominadoras, com uma convicção inabalável, que escolheram viver não contra tudo e contra todos mas, pelo contrário, para todos. Pessoas que viveram em função dos seus ideais escolhendo contudo transformar por dentro, na profundidade, na intimidade de cada um. E que com isso transformaram verdadeiramente o mundo.

A questão é que quando comparo Mourinhos, Ronaldos e afins com estas personalidades - e outras, discretas, com quem tenho a sorte de conviver todos os dias - tenho sempre a sensação que me pareço cada vez mais com o D. Quixote (ok, talvez o Sancho Pança) a correr atrás de pretensos gigantes que, afinal, não passam de moinhos de vento.

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