Estou completamente de ressaca. Total e completamente ressacado!

Durante alguns dias andei inebriado de cansaço, de compromisso, de dores até. Dores de pés, de ombros, de músculos, no joelho...

Durante esses mesmos dias andei inebriado de gozo pelo que via, pelo que sentia, pelo que aprendia com aquelas lições sem palavras, que são as que verdadeiramente nos enchem por dentro.

Eu sei que começa a ser um lugar comum na minha vida - e isso é mau? -mas tenho a sorte de participar em actividades rodeado de pessoas fantásticas. São miúdos verdadeiramente espectaculares que têm a capacidade de me surpreender a cada momento. São companheiros de jornada, de sofrimento e de alegria.

A Peregrinação a Compostela levou-me a um patamar que eu ainda desconhecia na minha vida: aliar os limites físicos aos psicológicos, pensar e sentir que já não se pode mais e ainda assim ter que continuar, muitas vezes a ajudar outros, noutras a ser ajudado, é uma lição de humildade e companheirismo que me fazia falta. Apesar de nunca ter colocado a hipótese de ficar pelo caminho, tive algumas alturas em que a ajuda da Vanuza e do Nuno foi preciosíssima, levando-me a ultrapassar os limites que eu pensava serem os meus. Num dia era eu, noutro dia eram outros, e revezando-nos, complementando-nos, conseguimos todos nós chegar a bom porto, ou melhor, a bom Santiago.

Esta noite, já na minha cama, fechava os olhos e sentia-me ainda no Caminho, experimentava ainda aquela sensação esquisita porque é uma mistura de dor, de cansaço, de sofrimento mas também de muita alegria.

E tinha saudades. Muitas saudades.
Que, creio, irão ficar para sempre.

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