Uma confluência de pessoas e acontecimentos recentes. Estava em Roma, em pleno Vaticano, nada deslumbrado com a sua opulência, e lembrei-me, como sempre me lembro naquele lugar, do Tiago "Sabes, Zé? para mim isto não é Igreja, é turismo. Igreja é Taizé." Jantar de família, comemorativo, onde mais gostamos de nos juntar para jantares comemorativos. Naquela mesa redonda, com os meus à volta da mesa, a conversa acalorada à volta das coisas da Igreja. E a velha, antiga, pergunta do meu mais velho "como é possível que aceites que a Igreja paute a tua vida quando tem tanta coisa errada?" E a minha resposta: "quem configura a minha vida não é a Igreja, é Jesus. E como não consigo nem sei nem quero alimentar e viver a fé sozinho, a forma menos má de o fazer com os outros é na Igreja." Terceira confluência: missa dominical em Madrid, numa basílica menor. Tudo lá é conservador: a liturgia, a homilia, as pessoas que a frequentam. O sacerdote, velho e demasiado rotinado, abre a boca para dizer que Jesus não é contra a riqueza, é contra a opulência. E que a Igreja não é opulência. Olho à volta e vejo o contraste num altar excessivamente dourado - o dourado em Igreja é sempre excessivo - e, sobretudo, recordo a novíssima catedral de Madrid, tão recente quanto opulente.
Eu amo esta Igreja. Amo mesmo. Foi e continua a ser uma escolha minha, que não nasci dentro dela mas tudo fiz e faço para lhe pertencer. Mas, como dizia aos meus filhos naquela mesa redonda do restaurante, gostaria que fosse diferente em muitas coisas. Por isso batalho por ela todos os dias. Contestando-a. Desafiando-a. Do lado de dentro. Pertencendo-lhe.

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