Não conheço muitas abordagens quanto à questão da possibilidade. E a possibilidade, para mim, na história da minha vida, é absolutamente fundamental.

Desperta-me a curiosidade perceber porque é que a malta nova com quem lido no meu quotidiano joga tanto nas raspadinhas e faz tantas apostas. Apesar de isto acontecer com miúdos que habitam ambas as margens da sociedade, aquela que passa mais dificuldades porque tem mais baixos recursos financeiros e, sobretudo, mais baixas expectativas, deposita no jogo uma fezada que não considera em mais nenhum outro aspeto da sua vida. Quando conversamos acerca disso, eles falam, invariavelmente, do que farão com o dinheiro que vão ganhar com aquela aposta, o que, com a mesmo invariabilidade, nunca acontece. Pelo menos não significativamente.

Eu jogo no totoloto e no euromilhões desde que totoloto e euromilhões existem. Nunca ganhei nada de interessante e sei perfeitamente que, apesar de apostar o mínimo em ambos os casos, não é pela probabilidade de ficar rico que eu jogo. É pela possibilidade. Eventualmente até poderia nada mudar de substancial na minha vida - na verdade, Graças a Deus, não tenho motivos para o fazer - mas a mera possibilidade abre-me asas, abre-me ao sonho, dá-me um outro e completamente novo horizonte. Se eu o adotaria, é um outro assunto completamente diferente.

Este reino, este sonho, esta fantasia da possibilidade não me acontece apenas em relação ao ficar rico, mas a tudo na vida. Talvez tenha sido pela infância passada na companhia de D. Quixote, Major Alvega, Júlio Verne, e outros que tais mas o facto é que esta ânsia de possibilidades se mantém praticamente inalterável desde que me conheço.

E sempre que uma delas se fecha, fica a saudade da imensidão que  possibilidade me permite sonhar.

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