"... expliquem-me como se eu tivesse cinco anos..." No início, esta minha expressão causa alguma estranheza. No final do dia, os miúdos que acompanho em Dia de Reflexão já nem me deixam terminar: "... como se eu tivesse cinco anos..."

Eu sou seduzido pela complexidade. Particularmente do pensamento, do raciocínio, que me ocupa horas todos os dias, e cuja descoberta me faz vibrar sempre intensamente. Quando consigo ler, ver, ouvir, ou esclarecer eu próprio aquilo que permanecia intuitivamente intrincado, já ganhei o dia. Percorro muitas vezes a Bíblia à procura do imenso que ainda não entendo mas que intuo que deve andar por lá, leio textos e livros e comentários, muitas vezes à procura de um pormenor que não interessa a ninguém - muito menos ao Menino Jesus - mas que teima em andar às bolandas cá por dentro, e que, enquanto anda, não me permite sossegar.

Por isso deixo-me espantar muitas vezes pela simplicidade do evidente. Do imediato. Do que funciona mesmo para quem tem cinco anos, ou sobretudo para quem tem cinco anos. Por isso regresso muitas vezes aos catecismos da infância, às orações dos pequenitos, ao básico mais básico, para me recordar que o fundamental da vida não reside no intrincado mas no simples.

Que é o lugar privilegiado de Deus.

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