Tem sido uma semana justamente como a prefigurava: demasiadas coisas importantes a acontecer ao mesmo tempo e eu com aquela sensação terrível de correr contra o prejuízo.
Correr contra o prejuízo nunca é coisa boa. Mas acontece com alguma frequência. Por muito que tente jogar na antecipação, pensar nas questões adequadamente - o que implica pensar nas alternativas e arranjar as soluções correspondentes - há alturas em que a vida se sobrepõe ao programado, em que a vida é o que é e não o que eu gostaria que fosse, e muito menos aquilo para o qual me preparei.

No meio disto tudo, no entanto, há sinais nos quais eu reparo e valorizo como sendo de Deus.

Todas as manhãs e fins de tarde mergulho na VCI. Lembra-me as artérias por onde o sangue é conduzido, com todos em filinha, com as entradas e saídas e os atropelos também. Hoje aconteceu algo que me espanta sempre: estávamos todos em fila, devagar paradinhos, quando se ouve uma sirene. Como por magia, num sítio onde não se via espaço , onde todos estavam com tempo contado ao minuto, abre-se uma via atempadamente, e passado uns segundos a ambulância passa por nós como se não existisse trânsito. Comove-me sempre. É muito fácil ser bom quando não se prescinde de coisa nenhuma, mas naquele sítio todos esqueceram, por brevíssimos momentos, o tempo que faz falta para o dar a quem precisa.

Estas coisas têm o condão de me por diante da vida. Por muitas coisas importantes que tenha, há sempre coisas mais importantes. E que me preenchem. Empenho total sim, compromisso total sim, entrega total sim, mas, no final do dia, pés na terra e olhos no céu.

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