É comum envolver-me de tal modo que me esqueço do mais elementar. Por isso gosto de voltar à base. Umas vezes voluntariamente, outras, porém, levado pela mão, como uma criança.
Amar dificilmente basta. Ou se basta. A não ser numa perspetiva umbilical. Mas aí, nesse caso, apenas existe uma pessoa amada: o próprio. Amar tem sempre uma dimensão de saída, de projeção, de transbordo. Ainda que numa dimensão mais silenciosa, como a ternura, amar tem sempre alguém dentro.
Este ano Cuidar é uma das palavras chave. Espanto-me sempre comigo próprio quando acordo e descubro aquilo que está diante dos meus olhos e não consigo ver sem que me peguem pela mão. Não há amar sem cuidar. Não há amar sem fazer crescer, sem mimar, sem acompanhar de perto, sem a alegria de testemunhar as mais ínfimas alterações, os minúsculos rebentos que são sinal de nova vida, o lento desabrochar. Não há amar sem assumir, sem fazer vida de, com e para quem se ama.
E como eu por vezes me esqueço do mais elementar da vida!

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