Nunca tive um Taizé assim. Sem desespero. Sem baba e ranho. Sem vontade de me reconstruir, de me refazer, de me sentir perdoado. Sem aquela necessidade premente de me sentir acolhido, amado, recolhido nos braços do Pai que me ama. Foi calmo. Extraordinariamente calmo. Inusitadamente calmo. Como se já pertencesse. Como se já fosse amado. Como se já fosse completo. Talvez seja. Talvez a enorme convulsão que me habitou todos estes anos, que me levou ao desespero total e absoluto, que me roubou noites e dias e semanas e meses, tenha chegado, finalmente, ao fim. Taizé foi muito presente. essencialmente presente. Hoje. Aqui e Agora. E passado. Muito passado. Revisitado. Nas pessoas, nas conversas, nos passeios, nas partilhas íntimas, nas mútuas entregas e descobertas. Num recordar sem dor, sem lamento. Integrador. E futuro. Ânsia de futuro. Projeção de futuro. Construção de futuro.

O meu Deus em Taizé, este ano, foi, por tudo isto, um Deus diferente. Não um Deus que me acolhe no desespero, que me pega ao colo e me dá o amor de que tanto necessito, mas um Deus que se sentou ao meu lado, me ajudou a revisitar a minha vida e me permitiu relançá-la com outros olhos, com outra confiança, com outra determinação.

Há, na minha vida, um antes e um depois de Taizé. Claramente. Não do Taizé deste ano mas dos Taizé dos últimos doze anos. Claro que não foi Taizé que me permitiu a transformação. Taizé tornou possíveis as condições, os olhares, as partilhas, o tempo, a intensidade do amor sem vergonha, a autenticidade do amor sem vergonha, a transformação operada pelo amor sem vergonha. Taizé tornou possíveis as pessoas. Que, desde que foram comigo a Taizé, nunca mais foram para mim as mesmas!

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