A grande novidade das férias deste ano foi ter passado, pela primeira vez, uns tempos em casa da minha filha. Até aqui, sempre que estou com os meus filhos numa casa, estou em minha casa, com todo o peso que "a minha casa" acarreta, e que não é, de todo, semelhante ao estar na casa da minha filha. Adiante.

Em casa dela conheci, finalmente, a Mia. Uma gata lindíssima, sereníssima, de quem tenho saudades. Sim, tenho saudades daquela gata que nos fez companhia durante dez ou doze dias.

Vem isto a propósito de um post de um amigo meu a despedir-se do seu cão, que foi seu companheiro fiel por mais de dez anos. Instintivamente, eu torço o nariz a este tipo de relações. Por muito que eu goste de cães e gatos - à partida, adoro cães, tolero gatos - são bichos, e por isso faz-me sempre muita impressão esta tendência de antropomorfizar os animais. Então os que dizem que preferem os animais às pessoas, põem-me verdadeiramente fora de mim. Uma coisa é estimar os nossos animais de estimação - maltratar qualquer animal é simplesmente inadmissível - outra é tratá-los como se fossem pessoas, com as necessidades físicas e psicológicas das pessoas, como se fossem filhos. cheira-me sempre a projeção de carências afetivas num pobre animal que não tem culpa nenhuma.

Entendo bem a saudade que um animal pode provocar. Nós, que sempre tivemos animais, falamos com imenso carinho e saudade dos nossos cães - já morreram todos - recordando as suas peripécias, as suas personalidades e até a dor que nos provocaram quando morreram - uns nos nossos braços, outro no veterinário.

A verdade é que não tenho que etiquetar o amor. A verdade é que entendo que se possa amar um cão ou um gato que fez parte da nossa vida e que deixa uma tremenda saudade. A verdade é que amar é amar. Assim. Sem etiquetas. Sem comos ou porquês. Sem racionalidades, se quisermos. Sem qualquer outro instinto que não seja fazer feliz.

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