20161117
Pelo segundo dia consecutivo a caminhada não foi junto ao mar mas no parque, a escassos metros, mas verdadeiramente um outro mundo. Uma mistura de cores e cheiros verdadeiramente avassaladores, tendo apenas o barulhos dos passos e dos patos como companhia. É muito fácil começar o dia a louvar a Deus, ali, naquele lugar, que me recorda sempre o Tozé que, provavelmente sem sequer se aperceber disso, foi quem me despertou para esta presença de Deus no belo da natureza.
Dois mundos completamente diferentes fora de mim, dois mundos ainda mais diferentes cá por dentro. A paisagem exterior ontem fora a mesma, mas a interior estava radicalmente diferente! O desassossego deu lugar à tranquilidade, o tumulto, à serenidade. Objetivamente nada mudou de um dia para o outro, não foram tomadas decisões para além das de todos os dias, não aconteceu a descoberta da cura para o cancro (e como a vou pedindo!) e o que estava por resolver continua por resolver. Não se trata de universos exteriores mas dos outros, dos que permitem ou roubam a felicidade, própria ou alheia.
Frequentemente procuramos espaço bucólicos ou entusiasmantes na esperança que eles nos contagiem, compensando o que tanta falta nos faz. Frequentemente esquecemos que esta paisagem interior tudo determina. O calor do sol até pode ser da física mas a forma como nos aquece, não. As cores do outono podem ser depressivas ou belas, a noite, assustadora ou reconfortante, o caminho, duro ou desafiante. Não é o que nos envolve que nos impõe o estado de espírito. Pode ajudar, pode atrapalhar, pode até realçar. Mas habitamos todos um mundo apenas nosso. Quando mais não seja, no segredo da nossa intimidade.
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