Nesta manhã atarefada, vinha a subir as escadas em passo rápido mas ele quase me obrigou a parar. Estava lá em baixo, na arena, rodeado de miúdos muito miúdos, e sorria e metia-se com eles, e brincava e utilizava a sua sonora voz para os impressionar e intimidar... na brincadeira.
Por vezes gostava de ter o tempo e a coragem de fazer mais coisa nenhuma a não ser isto: observar aqueles que, a cada momento, me rodeiam. Apanhá-los assim, como ele estava, completamente desprevenidos, e poder apreciar o seu lado bom, aquele que o cargo ocupado força a permanecer quase escondido talvez pelo medo de se contagiar na alegria e se perder a autoridade das coisas sérias. Olhar as pessoas assim, seja num breve espaço de tempo seja num tempo mais demorado, conduz-me sempre a novas perspectivas, a novidades, a traços até então desconhecidos ou esquecidos de tão pouco vistos. Não me é nada raro alterar a minha percepção sobre alguém a partir de um momento destes. Um brilho no olhar, um gesto de atenção, uma meiguice escapada, que pode acontecer numa qualquer altura inesperada, com alguém inesperado, mas que me fazem redescobrir essa centelha de bondade que todos carregamos mas que por vezes esqueço que existe.
Talvez um dia decida andar de pernas para o ar.
Só para ver a realidade dos que me rodeiam.

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