A verdade tem como hábito ser desagradável. Qualquer que ela seja. Por vezes chega cedo de mais, outras não aparece quando mais precisamos e, pelo menos a mim, surge frequentemente na forma de bofetada na cara.
Nunca fomos muito íntimos, eu e a verdade. Nunca entendo aquela coisa que a minha sogra diz de peito cheio "a verdade acima de tudo, custe o que custar, doa a quem doer", particularmente quando a vejo atirar a verdade como quem dispara uma arma. Há verdades que escondo, outras que adio, outras que suavizo. O mal é que todas acabam por dar à tona da vida respeitando a fatídica Lei de Murphy, na pior altura possível.
No mundo de fantasia que me acolhe quando estou atrapalhado a verdade fica de fora, como quem descalça os sapatos com que anda na rua para não conspurcar o ambiente. Aí, nesse mundo só meu  - muitas vezes mais real que o mundo real - não existem problemas, confusões, trapalhadas, dores ou sofrimentos. Na verdade, não existe nada. absolutamente nada. Nem eu próprio. Por isso acabo por não conseguir ficar lá muito tempo e de lá saio ainda mais atrapalhado porque a vida tem essa mania estranha de não esperar por mim.

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