20160928
Tendo a olhar para as pessoas a partir de uma perspetiva enquinada. De baixo para cima. Passei anos a tentar perceber porque era assim, porque os outros me pareciam sempre mais tudo, mais inteligentes, mais bonitos, mais simpáticos, mais sortudos, mais queridos por todos, a começar, claro está, por mim. Talvez tivesse sido a infância, talvez tivessem sido as circunstâncias da minha vida, talvez toda a gente seja assim e apenas eu penso nisso, sei lá, mas a verdade é que quando começo a conhecer alguém a minha primeira sensação é de gratidão. Por me permitirem conhecer, por me permitirem entrar na sua vida, por me permitirem fazer caminho. Talvez porque acredite muito nisso: que basta conhecer para se fazer caminho. Essa gratidão - que me é inerente e quase permanente - faz com que me apresente desarmado. E, não raras vezes, ajuda a desarmar.
Existiu um tempo, contudo, em que não fui assim. Armei-me aos cágados, compensando com o que tinha tudo aquilo que deixara de ser. Dei-me mal, claro. Estrondosamente mal. E aprendi. Espero eu!
No entanto, apesar de já o conseguir aceitar sem questionar em demasia, nem sempre gosto dessa minha perspetiva. Porque uma visão debaixo para cima, não sendo a pior de todas, dificilmente é a correta. O que me vale é que essa vou conseguindo tê-la. À medida que me vão puxando o olhar para cima.
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Bambora
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