Não é fácil encontrarmos um sentido para a vida.

Não é fácil enfrentarmos o desespero do vazio, o medo que nos subtrai à vida, aprisionando-nos no passado e roubando-nos o futuro. Não é fácil não termos a quem servir, quem nos espere, no silêncio da noite, contando os minutos até à nossa chegada. Não é fácil depararmo-nos com o nada que brota da escuridão, dia após dia, noite após noite, apesar do sol - que brilha sempre lá fora, nos outros e para os outros - que nos fere porque nos confronta na nossa própria insuficiência.

Por vezes converso acerca de linhas. Separadoras. Do tudo e do nada. Que são sempre ténues, demasiado ténues até para serem observadas a olho nu, mas que estão lá, sempre, ainda que despercebidas, ou então não estão lá, nunca, justamente quando precisamos delas. Aquelas linhas que separam o sensato do louco, o bem sucedido do indigente, o solitário do popular, o sábio do ignorante. Tudo aparentemente, claro, porque a interioridade de cada um é que vai marcando o ritmo do sofrimento de cada um, que os fantasmas são sempre individuais e personalizados.

"... fazei que eu procure mais consolar que ser consolado..." recordo-o instintivamente os momentos mais difíceis. Porque quando nada mais faz sentido, nada dá mais sentido que precisarem de mim.

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