Nos meus melhores dias, gosto de pensar em mim como um semeador. Se há algo que tenho bem presente na minha vida é a noção que o tempo corre a nosso favor e que as pequenas coisas, quando bem cuidadas, podem dar grandes coisas. Por isso, de tudo aquilo que faço, o que me dá mais gozo é justamente o privilégio de assistir - e por vezes, quando tenho sorte, até participar - ao crescimento interior das pessoas. Vê-las desabrochar, acompanhá-las na sua própria descoberta, tentar mondar a terra, ir ajustando a posição do sol, acompanhar a sua evolução - umas vezes para cima, outras mais de lado - dá-me um sentido e uma perspectiva de vida que me é absolutamente indispensável.
Contudo, não tenho apenas melhores dias. E nos meus piores dias gosto de me descobrir como semente. Que alguns acarinham e cuidam, escolhendo para mim o melhor, que muitas vezes eu próprio não consigo descortinar, dando-me o tempo que preciso e incentivando-me a serenidade que me falta. Nas alturas em que isso acontece eu deixo-me ir, abandono-me àqueles em quem confio, confiando naqueles a quem me abandono, dando graças por poder continuar a germinar sob o olhar atento e cheio de ternura de tão bons cuidadores.

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