Walter Mitty é o meu mais recente habitante. E o curioso é que porque, por motivo de trabalho, tive que comparar o meu olhar sobre o filme com outro olhar e apercebi-me que o que víramos, em muitos aspetos, não era coincidente. Acho fantástica a forma como cada um de nós tem a capacidade de extrair das experiências aquilo que mais falta lhe faz para se ir completando aos bocadinhos.
Na semana passa fui a um templo hindu. É sempre um desafio fascinante deparar-me com aquela quantidade de divindades, com aquelas cabeças de elefante e de macaco, com aquelas estátuas com seis e oito braços. No final, um bom amigo que também acompanhou a visita mas não é nada destas coisas da fé, perguntou-me como é possível que alguém, em pleno século XXI, possa entrar naquele templo e não se rir do ridículo daquelas imagens e daquelas estátuas. Eu ri-me e disse-lhe que o bom disto tudo é que no dia anterior tínhamos estado no Museu da Eletricidade e ele parecia um puto numa loja de brinquedos quando teve oportunidade de interagir com as coisas da física. O que o fascina não é o que me fascina mas somos ambos mais ricos porque nos respeitamos e admiramos o suficiente para partilharmos as nossas próprias experiências sem nos rirmos um do outro.
Sem comentários:
Enviar um comentário