"Não vos inquieteis, procurando a causa dos grandes problemas da humanidade; contentai-vos em fazer o que puderdes pela sua resolução, ajudando aqueles que precisam. (...) Por mim, faço tudo o que posso; quanto ao resto, não me compete."

Por vezes discuto com um amigo, que tem sempre grande relutância em participar nos vários Projetos em que estamos envolvidos. Que ajudamos quem não precisa, que faz tudo parte de um enorme esquema conspirativo para que alguns fiquem bem na fotografia, que serve apenas para iludir as nossas consciências, que se as pessoas gastassem o dinheiro no que vale a pena em vez de irem fumar para os cafés as coisas seriam diferentes, etc. São argumentos gastos, que no princípio ouvia quase todos os dias mas que agora, talvez porque vejam que não adiantam, vou escutando cada vez menos.

No caso deste amigo, no entanto, os seus argumentos são puramente racionais, não passam de desculpas para não se incomodar e, mais importante, entram em clara contradição com o que sente sempre que se permite olhar à sua volta. Por isso, sempre que é mesmo preciso, não hesito em recorrer a ele porque sei que, seja por respeito a mim e ao meu trabalho, seja porque no fundo sabe que as coisas apenas se vão resolvendo quando metemos as mãos na massa, nunca me deixa ficar mal.

O curioso disto tudo é que eu poderia facilmente estar do lado dele, dos que mandam as bocas, dos que encontram todas as boas desculpas para não fazer nada. Não tivesse eu tido um motor fora de borda que não desistiu enquanto não me meteu o bichinho e eu seria mais um da enorme multidão de opinadores de sofá, dos que sabem sempre exatamente qual seria a solução de todos os problemas mas nunca levantaram o dito cujo para fazer coisa nenhuma. E eu, bom como sou a inventar desculpas, seria provavelmente um dos melhores opinion makers do país.

Mas perdi-me. Temos pena!

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