À revelia (uma daquelas revelias com que eu, como pai, estou sempre a contar e até, num e noutro caso, vou permitindo), o meu filho mais novo criou conta no Facebook. Como sou amigo dele, volta e meia passo por lá e dou-lhe uma vista de olhos. E nem sempre gosto do que vejo. É natural. É esquisito ver o meu filho através da impessoalidade do Facebook. Principalmente a ele, a quem começam agora a despontar as primeiras borbulhas, e que vai rapidamente deixando de ser "o pequenito" para assumir o João que em si desponta.
Eu sou um completamente babado pelos meus filhos. Conheço-os muito bem - mesmo quando se tentam esconder, e tenho um tal orgulho neles que por vezes me pergunto como cabe tanta coisa cá por dentro (o que, pelo menos para mim, explica perfeitamente o meu porte, que alguns, erradamente atribuem à gula. Nada de mais errado: tudo isto é amor.) Sei que eles já são muito mais do que eu alguma vez serei, o que me deixa perfeitamente feliz acerca do meu papel de pai: se fosse para eles serem tanto quanto sou, não valeria a pena.
Apesar de serem cinco, uma das minhas principais tarefas foi permitir que eles se fossem crescendo autonomamente, dando espaço para que eles se fossem encontrando e construindo. E isso devo-o ao meu pai. Lembro-me de ser pequenito e de o perceber, pelo canto do olho, a acompanhar-me como quem não quer a coisa. Suficientemente perto para que eu soubesse que ele estava ali; suficientemente distante para que eu me sentisse livre. Creio que foi das coisas mais importantes que me transmitiu, e que eu, em certa medida, tentei copiar para os meus filhos. É um equilíbrio que não é fácil manter, que volta e meia me levanta muitas interrogações, que me obriga a por constantemente em causa. Certamente seria mais cómodo impor-lhes um rumo, um caminho, muito bem definido e balizado, por forma a não se desviarem.
Certamente sentir-me-ia mais seguro se o fizesse.
Mas quando temos filhos, a questão nunca somos nós mas eles, o que é o melhor para eles, ainda que a custo próprio, ainda que à força de noites mal dormidas e medos mal contidos.
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Bambora
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