Medo


Passei por esta foto de relance e os pensamentos que me assaltaram fizeram com que voltasse atrás.

Creio que uma das coisas que definem uma pessoa é o medo. A forma como o enfrenta ou o evita, a forma como assola a noite, a forma como modela os sonhos transformando-os em pesadelos...

Já tive noites bem escuras por medo. Já tive ataques de pânico onde o próprio respirar constituía um desafio. Já acordei de pesadelos com vontade de regressar porque me deparava com uma realidade bem mais assustadora. É incrível a violência do medo. É incrível o permanente sobressalto, a mera impossibilidade do repouso e o desgaste que tudo isso provoca, a penosidade de uma vida assim vivida. Desde essa altura o suicídio deixou de me espantar, embora o continue a considerar uma forma demasiado fácil de fugir a uma realidade bem mais dura.
É... a vida pode ser bem mais dura que a morte.

A vida encarregou-se de me demonstrar, contudo, que o medo é autofágico e que, uma vez enfrentado, desaparece quase que por magia. Que tende a multiplicar-se, a reimaginar-se, a conjecturar futuros tenebrosos que, mesmo que por absurdo se concretizassem, constituiriam realidades bem menos penosas que as temidas.

Todo o processo da entrega de Jesus foi-me servindo de guia nesses momentos mais difíceis. Aquele homem, que sabe já da sua missão, que tão bem conhece o Pai e que ainda assim lhe pede para não ter de enfrentar o futuro, humaniza o medo, torna-o natural, mas também lhe retira importância. Porque me ensina que a melhor forma de o combater é trocar-lhe as voltas, é entregar voluntariamente o que o medo ameaça roubar. E confiar. Sempre. Naqueles que nos rodeiam, nos que connosco caminham, nos que nos amam de tal forma que ficam felizes por nos ampararem as quedas.

Não é fácil, mas é possível.

Eu que o diga!

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