Acabo de chegar do cemitério. É tradição, cá por casa. Anos houve em que me custava imenso estar lá de pé, no meio de uma multidão da terra, durante a eucaristia ao ar livro. Á medida que os anos vão passando, a sensação é que me vai custando menos. Antes, junto à campa, éramos imensos. Agora já passaram bastantes para o outro lado. Ou melhor, para uns palmos mais abaixo. Mas continuamos a estar juntos neste dia. No final, o padre disse para rezarmos pelos que tínhamos diante de nós. Não consegui deixar de sorrir. Acredito muito que o contrário acontece: são os que estão junto do Pai que rezam por nós, pela nossa cegueira, pela nossa apetência, persistência e competência para a asneira. Não precisam que rezemos por eles. Parece-me sempre muito esquisita esta ideia de um Deus que precisaria que rezemos pelas almas para que Ele se lembre delas. Esquisita e muito contra tudo aquilo que Jesus testemunho: por acaso o Pai se esquece do Seu filho? Enfim! São coisas mais da mentalidade humana, viciada na recompensa, que do Amor. Talvez seja por isso que, pelo menos até aqui não temo a morte. Porque confio inteiramente no amor do Pai. Se assim não for, se estou à espera que sejam os meus méritos a fazer alguma coisa para me garantir a salvação, o melhor é despachar já a coisa: quanto menos viver mesmo asneiras faço.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Bambora
Não é estranho que nos digam que «ser homem é muitas vezes uma experiência de frustração». Mas não é essa toda a verdade. Apesar de todos ...
-
Gosto dos Jogos Olímpicos. Desde miúdo que me fascinava a capacidade destes super homens e mulheres capazes de desafiar os limites com uma f...
-
Chegou aqui a pedido institucional. Dez anos, e a vida já num emaranhado de complicações: maus tratos, impedimento judicial de aproximação d...
-
Ainda me espanto! Perante o desafio de pensar num adulto que tenha sido significativo na minha infância e adolescência - no sentido de me te...
Sem comentários:
Enviar um comentário