Um dos livros que ando a ler, Ikigai, de Ken Mogi, refere a importância do saber estar "aqui e agora" como um dos pilares fundamentais para a felicidade. Eu gosto muito desse aqui e agora, desse carpe diem, dessa capacidade de aproveitar cada momento como se fosse o último, como se nada mais importasse. Naturalmente, não pode ser tomada por si só, como se não existisse continuidade como se a vida não tivesse ou não deixasse lastro. O saber viver aqui e agora é importante quando devidamente enquadrado num percurso de vida onde cabe a memória grata do caminho percorrido, das pessoas que nos habitam e nos permitem que nelas habitemos. E a esperança, essa quase ingénua confiança que a vida nos reserva coisas boas. O aqui e agora não implica, por isso, alheamento ou inconsciência, mas o louvor. Pela oportunidade de ser feliz, pela capacidade de viver a vida até ao tutano, intensamente, completamente, sem dar lugar à ressaca da culpa do dia seguinte. E sempre na forma partilhada. Porque quem ama, quem se sente amado, nunca se sente verdadeiramente perdido, nunca se sente verdadeiramente só. Ainda que esse aqui e agora seja usufruído sozinho.
Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles! Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, dep
Comentários
Enviar um comentário