Não tenho desculpas. Não me adiantam justificações. Não é por falta de interesse, ou de conhecimento, ou de vontade. Começo os meus dias a rezar, a procurar na Palavra do dia o sentido, a motivação, o desejo, não para viver mas para viver melhor, para ser melhor. Invariavelmente, chego ao fim do filme do dia com um sabor amargo na alma: aqui e ali, num ou noutro momento, não consegui, não fui capaz. E nem sequer é um sentimento vago de dever ser melhor, de conseguir ser outro. São momentos definidos, palavras concretas, conversas ditas e escutadas, atitudes testemunhas e exercidas, no concreto do meu dia, da minha vida, daquilo que vou sendo, com os outros. Diria que este amargo sabor a pouco é profiláctico. Que me restitui ao lugar a que pertenço, que me impede de deixar ainda mais a desejar, que é um incentivo a que eu nunca deixe de, pelo menos, tentar, de conseguir ser um bocadinho melhor a cada dia que passa. É azeda, contudo, esta sensação de não chegar. É cansativa esta constante tentativa, este constante propósito de tentar, ainda assim, chegar. Pelo menos já não arranjo desculpas, já não invento justificações. Pelo menos já vou conseguindo olhar e perceber, com alguma clareza - por vezes com muita dureza - onde fiquei aquém. Pelo menos tenho a sensação que estou a caminho. Num caminho que apenas tem princípio - a cada manhã que desponta - mas a caminho. Será apenas isso o que importa?
Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles! Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, dep
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