Tenho um enorme respeito pelas dúvidas de fé. A necessidade de encontrar razões para acreditar vem das entranhas e quase sempre com algum sofrimento à mistura. Mesmo que a vida não tenha ainda proporcionado ainda as desilusões que põem tudo em causa, quem quer pautar a sua vida - e a sua fé - com alguma racionalidade sente na pele uma luta que é tremendamente difícil, controversa, e permanentemente sobre o arame. ão devem, por isso, ser votados ao abandono.

Há pouco tempo, numa daquelas conversas em que as ideias saem sem grande reflexão, que, apesar de preferir ter mais certezas que dúvidas, tendo a gostar mais de pessoas com dúvidas que cheias de certezas. Enquanto as dúvidas são sempre ponto de partida, as certezas são ponto de chegada. Uma vez chegados lá não saímos do sítio, não avançamos nem recuamos mas ficamos entricheirados, confortavelmente entricheirados, enquanto a vida corre fora do nosso alcance.

No que toca a Deus, então jamais podemos ter certezas. Quando apontamos para uma cadeira e dizemos que é uma cadeira, a nossa liberdade é nenhuma: é, evidentemente, uma cadeira, ponto final. No entanto, quando falamos de Deus não temos nada físico diante do olhar, por isso, a determinada altura, não podemos afirmar peremptoriamente que Ele existe ou não existe, apenas podemos dar um salto de fé, num ou noutro sentido. E qualquer ato de fé, até porque é também uma escolha a partir de uma dúvida, é passível de discussão.

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