O meu fim de semana andou à volta do Espírito Santo. Curioso, não é? Como é que alguém que nem sei bem quem é, ou como é, pode pautar assim um fim de semana.
No sábado fui padrinho de crisma de uma miúda fabulosa. Pediu-me para ser seu padrinho e eu, surpreso, orgulhoso e embevecido, aceitei. É sempre uma responsabilidade que me pesa sobre os ombros. Uma responsabilidade extra à que naturalmente tenho e que por vezes pesa toneladas. Eu sei como sou, conheço a minha dificuldade em manter-me constante nos valores e a minha luta quotidiana em me manter uma pessoa minimamente decente. Quando alguém me escolhe e ainda por cima apresenta como motivação para essa escolha o meu testemunho de vida, a sensação que tenho é sempre de profunda estranheza. E por vezes, de mentira. Acabo sempre por me colocar em causa, por pesar até que ponto a minha vida interior, com todas as dúvidas, com todos os medos, com todas as infidelidades a mim mesmo, se reflete no concreto do meu dia a dia. E pergunto-me até que ponto visto uma roupa que não me pertence e induzo os que me rodeiam em erro.
Ontem, ao pequeno almoço, o Espírito Santo e a Igreja voltaram à baila. É um assunto mais ou menos comum lá em casa, às refeições, onde volta e meia todos discutimos o que nos é importante. E a Igreja e a forma como ela vive e a forma como nós a vivemos, é importante. Às tantas a minha sogra, que naquela altura estava presente, apresentou as suas teorias vindas das catequeses antigas e que a mim e aos meus filhos dizem muito pouco. Já a conversa tinha passado e ela regressou para me confrontar com algo que eu tinha dito acerca do Espírito Santo. E eu tentei esclarecê-la afirmando a minha fé no Espírito, que acredito nos move a todos. Mas sem escolher alguém de uma forma particular: não acredito que incida no Papa de uma forma mais especial que a mim, por exemplo. Provavelmente, a forma como o Papa O acolhe é que será bem diferente da minha. A medida é ditada por nós, pelo nosso acolhimento, pela nossa recetividade, não pelo Espírito, que ama a todos da mesma maneira individual, intensa e total.
Mais tarde, comparei os meus estados de espírito dos dois dias. Num, cheio de culpas e de dúvidas; no seguinte, tentado apresentar as minhas razões de fé. E percebi que sou ambos, entre muitas outras coisas,  dependendo das alturas, das solicitações, das circunstâncias. Depois comparei-os com as leituras, precisamente de ontem.
E desejei sentir-me sempre pequeno.

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