Sempre fui excessivo. Assumidamente excessivo. O que procuro - com alguma dificuldade, confesso - é tentar condicionar os excessos aos espaços e aos momentos certos. Mas, como digo sempre aos miúdos, acredito que devemos ser sempre todos em tudo, dar sempre tudo em tudo. Se é para dançar, dance-se; se é para cante-se; se é para fazer figuras tristes, façam-se energicamente, assumidamente, como se nada mais houvesse no mundo, nem amanhãs que nos recordem as idiotices de hoje (ou telemóveis com câmaras de filmar). Não me lembro de uma atividade com malta nova em que não tenha uma foto fatela num qualquer telemóvel de um qualquer miúdo. Sejam colheres de plástico nos olhos, sejam lenços na cabeça, sejam poses facilitadoras de reputações suspeitas, risos abertos, braços escancarados, tudo vale quando estamos juntos.

Até ralhar muito, quando (raramente) é necessário.

Há pouco tempo, num dos encontros ComTigo, um dos nossos miúdos partilhou que não conhecia aquela faceta de mim. Habituado a ver-me no CR, concentrado e silencioso, disse que estava longe de me imaginar com toda aquela doce loucura. É normal. Quando sou todo em tudo também o sou na seriedade com que me coloco em todas as situações. Quando o trabalho exige concentração e serenidade, quando o que me é pedido requer o meu silêncio - até interior! - todo eu sou concentração. Ainda esta semana aconteceu estar a manhã toda a trabalhar focadíssimo e quando "acordei" apercebi-me que estava completamente esfomeado e enregelado... e com uma vontade tremenda de ir à casa de banho. Mas quando é necessário por os outros a cantar ou a saltar ou a dançar ou a fazer estupidezes ninguém canta mais alto que eu dança mais que eu ou é mais pateta que eu.

Coisas maravilhosas podem acontecer na nossa vida quando não ligamos puto à nossa reputação!

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