Nasci para ser pai. Posso ser muitas coisas, para muita gente. Posso fazer muitas palhaçadas, posso dançar como um tolo, fazer figurinhas tristes, animar plateias ou partilhar a fé que me pulsa da vida. Posso preocupar-me, trabalhar até à exaustão, ficar confuso, não saber bem o que faço, quando faço, porque faço. posso cometer barbaridades, estar cheio de boas intenções, ficar magoado, triste desiludido ou embevecido com quem me rodeia. Posso trepar o mundo, fazer o diabo a quatro, ir daqui até à lua, fazer o pino, inventem o que quiserem. Mas eu nasci para ser pai. Nada, absolutamente nada, bate a a extraordinária sensação que é estar entre os meus e rebentar de orgulho com todos eles. Nada estará sequer perto da alegria que é estarmos juntos a cantar ou a passear ou a jogar PES ou a ver um file ou numa conversa à volta da mesa ou a discutir o que quer que seja como se  mundo acabasse agora mesmo. Nada se compara ao que sinto quando olho para a Igreja ao domingo e os vejo, a todos, junto de nós, a participar ativamente na eucaristia. Nada, absolutamente nada se compara a um segundo do seu sorriso, da sua alegria, da sua vida. Nada me amedronta mais e me rouba mais noites que a responsabilidade, ilusória, incontrolável, de fazer tudo, absolutamente tudo, para tentar manter esse sorriso e essa alegria. Eu nasci para ser pai. Não fizesse eu mais nada a vida toda, não tivesse eu mais utilidade nenhuma para ninguém, não conseguisse viver mais um minuto, não chegasse sequer a var o dia de amanhã e viver já teria valido imensamente a pena. Eu nasci para ser pai. E todos os dias, desde o primeiro segundo, desde aquela manhã de sexta feira que saí da Farmácia Sá da Bandeira com a prova da concepção da Catarina nas mãos, que eu dou Graças a Deus por ser pai. Porque são, todos os dias, a minha prova maior do amor de Deus.

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