Nasci para ser pai. Posso ser muitas coisas, para muita gente. Posso fazer muitas palhaçadas, posso dançar como um tolo, fazer figurinhas tristes, animar plateias ou partilhar a fé que me pulsa da vida. Posso preocupar-me, trabalhar até à exaustão, ficar confuso, não saber bem o que faço, quando faço, porque faço. posso cometer barbaridades, estar cheio de boas intenções, ficar magoado, triste desiludido ou embevecido com quem me rodeia. Posso trepar o mundo, fazer o diabo a quatro, ir daqui até à lua, fazer o pino, inventem o que quiserem. Mas eu nasci para ser pai. Nada, absolutamente nada, bate a a extraordinária sensação que é estar entre os meus e rebentar de orgulho com todos eles. Nada estará sequer perto da alegria que é estarmos juntos a cantar ou a passear ou a jogar PES ou a ver um file ou numa conversa à volta da mesa ou a discutir o que quer que seja como se mundo acabasse agora mesmo. Nada se compara ao que sinto quando olho para a Igreja ao domingo e os vejo, a todos, junto de nós, a participar ativamente na eucaristia. Nada, absolutamente nada se compara a um segundo do seu sorriso, da sua alegria, da sua vida. Nada me amedronta mais e me rouba mais noites que a responsabilidade, ilusória, incontrolável, de fazer tudo, absolutamente tudo, para tentar manter esse sorriso e essa alegria. Eu nasci para ser pai. Não fizesse eu mais nada a vida toda, não tivesse eu mais utilidade nenhuma para ninguém, não conseguisse viver mais um minuto, não chegasse sequer a var o dia de amanhã e viver já teria valido imensamente a pena. Eu nasci para ser pai. E todos os dias, desde o primeiro segundo, desde aquela manhã de sexta feira que saí da Farmácia Sá da Bandeira com a prova da concepção da Catarina nas mãos, que eu dou Graças a Deus por ser pai. Porque são, todos os dias, a minha prova maior do amor de Deus.
20160319
Nasci para ser pai. Posso ser muitas coisas, para muita gente. Posso fazer muitas palhaçadas, posso dançar como um tolo, fazer figurinhas tristes, animar plateias ou partilhar a fé que me pulsa da vida. Posso preocupar-me, trabalhar até à exaustão, ficar confuso, não saber bem o que faço, quando faço, porque faço. posso cometer barbaridades, estar cheio de boas intenções, ficar magoado, triste desiludido ou embevecido com quem me rodeia. Posso trepar o mundo, fazer o diabo a quatro, ir daqui até à lua, fazer o pino, inventem o que quiserem. Mas eu nasci para ser pai. Nada, absolutamente nada, bate a a extraordinária sensação que é estar entre os meus e rebentar de orgulho com todos eles. Nada estará sequer perto da alegria que é estarmos juntos a cantar ou a passear ou a jogar PES ou a ver um file ou numa conversa à volta da mesa ou a discutir o que quer que seja como se mundo acabasse agora mesmo. Nada se compara ao que sinto quando olho para a Igreja ao domingo e os vejo, a todos, junto de nós, a participar ativamente na eucaristia. Nada, absolutamente nada se compara a um segundo do seu sorriso, da sua alegria, da sua vida. Nada me amedronta mais e me rouba mais noites que a responsabilidade, ilusória, incontrolável, de fazer tudo, absolutamente tudo, para tentar manter esse sorriso e essa alegria. Eu nasci para ser pai. Não fizesse eu mais nada a vida toda, não tivesse eu mais utilidade nenhuma para ninguém, não conseguisse viver mais um minuto, não chegasse sequer a var o dia de amanhã e viver já teria valido imensamente a pena. Eu nasci para ser pai. E todos os dias, desde o primeiro segundo, desde aquela manhã de sexta feira que saí da Farmácia Sá da Bandeira com a prova da concepção da Catarina nas mãos, que eu dou Graças a Deus por ser pai. Porque são, todos os dias, a minha prova maior do amor de Deus.
20160310
Costumo dizer que escolhi ser cristão porque o meu Deus nunca me pergunta de onde venho nem o que fiz mas quer saber, fundamentalmente, para onde quero ir. No domingo, a homilia sobre o Pai Bondoso acrescentou algo a isto: o nosso Deus é um Deus que se alegra quando estamos.
Houve muitíssimas alturas na minha vida em que foi fundamental sentir-me acolhido, que não me perguntavam de onde tinha vindo. Ansiava por uma espécie de reset, um renascer, um refazer-me para que pudesse voltar a tentar ser. São sempre alturas em que a imagem que o espelho nos devolve é demasiado cruel para poder ser enfrentada de mãos vazias, em que apenas a solidão nos faz companhia, até porque todos os outros estão - como nós próprios, aliás - mantidos à cuidadosa distância do sorri e acena. É o tempo em que o peso da máscara se torna de tal forma insustentável que começa a cair... e a arrastar a nossa vida com ela. É o tempo em que o que mais desejo é viver numa daquelas torres de apartamentos onde toda a gente é anónima para que não tenha que dar de caras com alguém conhecido. É o tempo em que urge recomeçar!
Apesar de estar numa fase da vida em que começo a gostar da minha herança, não me é nada difícil entender quem tem essa necessidade de voltar sem que lhe façam perguntas. É que por vezes basta acolher, basta abraçar, basta sorrir... e deixar as questões para depois. E aí concordo com o que o meu pároco disse na homilia de domingo passado. Também eu tento estar. Sem querer saber de onde vem. Sem perguntar para onde vai. Vou descobrindo que estar é muito importante. Acolher quem chega e dar tempo, dar espaço, permitir respirar(se) e descobrir(se). Com tempo. Tentando manter a distância necessária para que possam sentir a minha presença sem a impor. Confesso que muitas vezes, nesse equilíbrio difícil, confundo e algumas delas eu próprio fico confuso. Muitas vezes pensam que é desinteresse, que não quero saber, que não estou nem aí. Muitas vezes até eu penso que poderá ser assim. Mas a alegria que sinto, ainda que à distância, ainda que apesar do tempo, quando alguém renasce, desmente-mo. E a felicidade que sinto também confunde aqueles que me são mais de dentro, que não perceberam em mim qualquer preocupação ou movimento para que o renascer fosse mais que uma mera possibilidade.
Sei que somos formatados para fazer. Sei que a fé sem obras não é nada. Sei que gostamos muito da obra feita, por pessoas permanentemente atarefadas. Sei que quando eu não ando a correr de um lado para o outro sou assaltado logo pelo medo de ser dispensável, de terem finalmente descoberto que o que eu faço qualquer um faz e faz melhor. Sei que quando deito a cabeça na almofada é a listagem de tarefas que percorro na tentativa de saber se justifiquei o ordenado desse dia.
Mas sei também que tudo isto é muito estúpido.
Que para quem sou importante, o que é importante é se eu fui capaz de estar.
Sempre que fui preciso.
Sem perguntar de onde vinha
ou para onde ia.
Simplesmente, estar.
Para poder ser com...
20160308
Pediu-me aquilo que me é, provavelmente, mais difícil de conceder a quem amo: Fronteiras. Limites. Percebi que tinha que me refrear.
Os meus filhos sabem bem o que é ser amado amado por mim. E que não é fácil ser amado por mim. Ainda ontem eu dizia que, por mim, os metia a todos no meu bolso das calças para que os pudesse proteger das agruras da adultez. E não. Não passa quando eles têm vintes e tais, não passa quando já são, efetivamente, adultos, não passa quando ganham o seu próprio ordenado, vivem na sua própria casa. Filho é filho. Qualquer que seja a sua idade. Qualquer que seja o seu género. Qualquer que seja o seu comportamento. Filho é filho. E eu sou o seu pai.
Sei que não é fácil para quem ama. Sempre o soube. Sempre o senti. E por vezes preciso que me recordem que não é fácil ser amado. Que tenho um jeito adolescente de amar. Inconsciente. Pouco adulto. Muito sonhador. Muito apaixonado. Demasiado apaixonado, porventura, incompatível com o que já deveria ser: um homem de meia idade, sensato e razoável. Demasiado tarde!
Acredito que há, no amor, na forma como amo, uma confiança imensa na vida e no que vale a pena viver. Acredito que apenas assim vale a pena viver. A batalhar por quem se ama (leva tempo... dá trabalho...) a batalhar por deitar e acordar apaixonado (dá trabalho... leva tempo...) batalhar por descortinar maneiras sempre novas de sentir e demonstrar o amor que se sente. E acredito que enquanto acreditar nisto não há meia idade que me agarre. Que quando ela, a idade, chegar, vai ser na sua totalidade. E estarei pronto para a acolher. De braços abertos. E alma cheia!
20160303
Estávamos na arena, em plena hora do almoço, abrigados da chuva miudinha que caía. A cruz no chão, algumas velas acesas, uns papéis com cânticos, meia dúzia de miúdos sentados no tapete de relva artificial, meia dúzia de graúdos sentados nas escadas do anfiteatro. Cantamos serenamente, baixinho, falamos serenamente, baixinho, rezamos serenamente, baixinho, saímos como aí tínhamos permanecido, serenamente, em silêncio.
Tenho aprendido que as coisas grandes são dos homens, não de Deus. Quando, numa visita a um museu de arte sacra, vi um monte de cálices em ouro e prata com jóias raras incrustadas, apenas conseguia pensar o que tinha aquilo tudo a ver com o cálice de Jesus. É irónico como amamos um Deus, que, sendo infinitamente grande, se faz pequeno por nós e para nós e O veneramos com o maior e mais opulente que conseguimos fazer. Mesmo as nossas celebrações têm que ter um quê de grandioso, de um litúrgico ininteligível que pensamos nos abre ao mistério quando na realidade nos afasta do Mistério que é um Deus que escolheu ser um de nós. Como é possível entendermos isso? Nós, que tanto queremos ser deuses, teremos alguma vez capacidade de perceber a loucura de um Deus que se quis fazer homem? Quem no seu "perfeito" juízo, podendo ser Deus, escolhe ser homem?
Estávamos na arena, em plena hora do almoço, e recordávamos como podemos acolher, como devemos acolher, como somos todos chamados a acolher. Na simplicidade dos gestos pequenos, na humildade de quem sabe que pode sempre dar, na generosidade de quem sabe que pode sempre acolher. E na certeza que o nosso Deus escolheu sempre manifestar-se no mais pequeno. Dos gestos, das atitudes, do silêncio, das pessoas.
20160302
Sempre fui excessivo. Assumidamente excessivo. O que procuro - com alguma dificuldade, confesso - é tentar condicionar os excessos aos espaços e aos momentos certos. Mas, como digo sempre aos miúdos, acredito que devemos ser sempre todos em tudo, dar sempre tudo em tudo. Se é para dançar, dance-se; se é para cante-se; se é para fazer figuras tristes, façam-se energicamente, assumidamente, como se nada mais houvesse no mundo, nem amanhãs que nos recordem as idiotices de hoje (ou telemóveis com câmaras de filmar). Não me lembro de uma atividade com malta nova em que não tenha uma foto fatela num qualquer telemóvel de um qualquer miúdo. Sejam colheres de plástico nos olhos, sejam lenços na cabeça, sejam poses facilitadoras de reputações suspeitas, risos abertos, braços escancarados, tudo vale quando estamos juntos.
Até ralhar muito, quando (raramente) é necessário.
Há pouco tempo, num dos encontros ComTigo, um dos nossos miúdos partilhou que não conhecia aquela faceta de mim. Habituado a ver-me no CR, concentrado e silencioso, disse que estava longe de me imaginar com toda aquela doce loucura. É normal. Quando sou todo em tudo também o sou na seriedade com que me coloco em todas as situações. Quando o trabalho exige concentração e serenidade, quando o que me é pedido requer o meu silêncio - até interior! - todo eu sou concentração. Ainda esta semana aconteceu estar a manhã toda a trabalhar focadíssimo e quando "acordei" apercebi-me que estava completamente esfomeado e enregelado... e com uma vontade tremenda de ir à casa de banho. Mas quando é necessário por os outros a cantar ou a saltar ou a dançar ou a fazer estupidezes ninguém canta mais alto que eu dança mais que eu ou é mais pateta que eu.
Coisas maravilhosas podem acontecer na nossa vida quando não ligamos puto à nossa reputação!
20160301
Sim, eu sei, admito-o perfeitamente, sempre que posso, com bastante alegria até: sou um privilegiado. Mas isso não invalida que volta e meia (mais volta que meia) me erga barreiras, me levante problemas, me perca em questões que me parecem mais inultrapassáveis que a muralha da china. E depois, passado algum sofrimento, volto a educar o olhar e a dar valor ao tanto que sou e tenho.
Depois de conversarmos senti que algo de diferente se passava nas minhas costas. Olhei, a medo, por cima do ombro, e reconheci-as. Em boa verdade, nem precisava de ter olhado porque já tinha reconhecido os sintomas: pálpebras levemente fechadas, a permitir-me ver, sorriso leve, alma a empreender a sua viagem lá por cima... mas lá estavam elas, as minhas asas. De volta! Saborosamente de volta! Deliciosamente de volta! E deixei-me ir, como me deixo sempre ir, abandonando-me à conversa, permitindo a comunicação direta entre a alma e as palavras, apesar dos protestos veementes da razão, que nestas coisas se sente sempre posta de parte (em boa verdade é efetivamente posta de parte, mas não lho posso confessar).
Parece que quando digo que não consigo viver sem estar apaixonado causo espanto em algumas pessoas. Como se o término da felicidade tivesse data marcada "ao chegar aos cinquenta limitas-te a viver, não podes procurar" ou estivesse irremediavelmente condenado às certezas absolutas e irredutíveis. Valha-me a loucura permanente, a adolescência permanente do sentir e do procurar, esta fome de desejar estar permanentemente apaixonado que acresce vida à minha vida. Valha-me esta insaciedade permanente que não é invejosa e me permite, ainda que esporadicamente, saborear a vida com tudo aquilo que de bom ela me traz.
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Bambora
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