Tenho recebido várias queixas. Por não ter respondido às sms, aos facebooks, porque não ter escrito aqui, por desaparecer do mapa. Foi voluntário. Foi de propósito. E, a determinada altura, foi inevitável. Não consigo ainda lidar convenientemente com aquela foto do miúdo a dar à costa, com  a cara mergulhada na água. Comparado com aquela imagem, que não me sai da cabeça, tudo me parece vão, tudo me parece supérfluo, tudo me parece ofensivo. Na eucaristia que se seguiu à divulgação daquela foto eu só pensava que se fosse padre apresentava aquela foto no início da eucaristia e calava-me, não dizia absolutamente nada, porque deveríamos todos estar envergonhados por aquilo ser possível. Não sou ingénuo, eu sei que com aquela criança morrem muitas outras pessoas, antes e depois, e continuam a morrer no silêncio, na obscuridade, no mais profundo anonimato, sem contar para quem quer que seja. Mas nós também sabíamos de Timor, sabíamos o que lá acontecia, e ainda assim deixamo-nos comover com aquela gente que era baleada ao som do terço.

E agora?

Nada!

Um rotundo e desesperante nada!

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