Acabei de ver um filme que, creio, será daquele que terei ainda bem presentes daqui a uns anos. Chama-se Le Week-End - ai as maravilhas do Popcorn time! - e retrata um casal que comemora o seu 30º aniversário de casamento em Paris.

Se há coisa que me assusta verdadeiramente é a eventualidade de poder chegar ao fim da vida e chegar à conclusão que tudo foi em vão. O que não é nada difícil de acontecer! Demasiadas vezes deixamos que a vida se nos escape por entre os dedos, em nome não sabemos bem de quê, e permitimos que os dias se sucedam aos dias se que nada de relevante façamos acontecer debaixo do céu. Se calhar é por isso que me questiono tanto e tantas vezes, acerca de tudo e de (quase) todos, e se calhar é por isso que me sinto sempre à procura do sentido e do motivo e das razões que, a cada momento, me levam a sentir o que vou sentindo, me levam a fazer o que vou fazendo. Não é já um questionamento desenraizado, desenfreado, sem qualquer noção dos limites e pronto a revolver tudo de cima a baixo, como foi durante tantos anos em que sentia que nada tinha a perder. Agora tenho já raízes - algumas delas, pela primeira vez, cá por dentro e não meramente fora de mim - e vida de que não estou disposto a abdicar em nome de qualquer coisa que possa valer a pena. Mas é um questionamento que pretende incomodar-me, ou desacomodar-me e confrontar-me se quem sou é realmente quem quero ser, se vou ter que fugir do meu passado ou se, pela primeira vez, vou conseguir olhar-me nos olhos sem vergonha ao revisitar a minha vida.

Faz-me sempre muita impressão os que permanecem apenas porque sim. Seja num emprego, seja num casamento, seja em qualquer outra forma de relacionamento, seja uma religião, seja no que quer que seja. A vida é demasiado preciosa para ser desperdiçada com o que não vale a pena.

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