Creio que terá sido há cerca de dois anos. Numa formação perguntaram qual era a nossa passagem bíblica, aquela que nos guiava, aquela à qual nos agarrávamos quando em aflição, aquela que nos inspirava nos momentos difíceis... Pensei logo em Job, o livro que eu sentia como meu desde que descobri a Bíblia e ao qual me socorri inúmeras vezes para encontrar algum alento e forças para não desisti. No entanto, sabia que a minha circunstância agora era outra, que a minha maturidade vai sendo outra também - tem dias! - e que, sobretudo, o sofrimento porque passara era isso mesmo: passado. Desde então fui ficando atento, sempre no Novo Testamento, sempre em Jesus, daquela passagem que me ligasse de forma especial à vida.

Encontrei-a. Em Taizé. Numa das manhãs em que estava sozinho, na Igreja, a preparar-me para a oração, vi-a. Num improvabilíssimo Isaías 58, 9-12:

"Se retirares da tua vida toda a opressão, o gesto ameaçador e o falar ofensivo,
se repartires o teu pão com o esfomeado e matares a fome ao pobre,
então na escuridão em que vives brilhará a luz,
a tua obscuridade transformar-se-á em meio-dia.
O Senhor será sempre o teu guia,
até em pleno deserto saciará a tua fome e dará vigor ao teu corpo.
Serás como um jardim regado! Como uma fonte abundante, cujas águas nunca secam.
Reconstruirás as velhas ruínas, levantá-las-ás sobre as antigas fundações.
Vão chamar-te "Reparador de brechas e restaurador de ruas destruídas"

Fiquei felicíssimo, como nunca pensei ficar por causa de uma passagem bíblica. Estava aqui, escarrapachado, todo um projeto de vida com o qual me identifico, com o qual me posso trabalhar, todos os dias, a qualquer momento.

Não vai ser fácil!

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