Estou habituado a ser considerado o esquisitóide que vê coisas que mais ninguém vê. A última vez que me aconteceu isso foi na semana passada, quando vi o filme A Origem dos Guardiões. Incomodou-me terem dito que pelo facto de não verem o coelho da páscoa, esta deixaria de existir. Dou de barato o Pai Natal porque creio que o Natal ainda vai para além dele: a tradição da família à volta da mesa, os presentes (ainda) ligados ao Menino Jesus, tempo de paz, alegria e concórdia. Há, ainda e apesar de tudo, uma ligação ao Deus que se fez pequeno por nós. Mas o coelhinho da páscoa ? Por amor de Deus!

Como nunca mais aprendo, caí na asneira de referir, ainda que baixinho, que aquele filme era ateu. Como nunca mais aprendo, caíram-me em cima, que andava a ficar mais papista que o papa, que não tem nada a ver, que ele até refere no filme que a pascoa é um tempo de renovação, etc etc etc. Algo de muito parecido ao que aconteceu quando disse que os Gato tiveram um papel absolutamente decisivo no curso do referendo do Aborto, com o seu gag sobre o Marcelo: era para rir, mas instalou-se de tal forma no subconsciente colectivo que, acredito ainda hoje, foi absolutamente decisivo - e fatal - para o desfecho final.

Claro que isto não quer dizer que me oponha nem aos filmes nem aos Gatos que por aí abundam. Abomino o pensamento monolítico, qualquer que seja a sua proveniência, e defendo a liberdade pessoal como um valor fundamental. No entanto, temo muito a ausência de pensamento crítico, a consciência de massas, que nos retira toda e qualquer liberdade sem que disso demos conta, transformando-nos em marionetas facilmente manipuláveis em nome de um pensamento comum.

Por isso, esta é das coisas que espero nunca aprender. Hei de sempre ser o esquisitóide que vê o que mais ninguém vê. E hei de sempre cair na asneira de o dizer.

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