Tendencialmente, instintivamente, ferozmente, evitamos a dor. Comprometemos e descomprometemos, abdicamos e ligamos, recuperamos e perdemos, na vã tentativa de lhe escapar. Por vezes vamos ao limite de nós mesmos, ao limite dos limites que estipulamos para que nos possamos ainda reconhecer quando nos enfrentamos com o nosso reflexo, para que a dor não se torne tão presente. Tão inexoravelmente presente.
Em vão. É sempre em vão que fugimos da dor.
A sabedoria, então, não está em fugir da dor mas em integrá-la. Aceitá-la, torná-la nossa, sabendo que que também a dor é vida, também a dor é importante para que a vida seja plena. Também somos dor. Apenas assim nos aceitamos como um todo. Apenas assim nos conseguimos confrontar com a nossa própria escuridão, porque ainda a ilumina a nossa própria luz. Apenas assim, enquanto não nos perdemos na fuga, enquanto ainda nos temos, podemos superar a dor. E dar-lhe um sentido. Que é apenas um: o do amor.

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