Sou da palavra. É curioso, porque normalmente apresentam-me como alguém da música, mas a palavra tem, em mim e comigo, um peso substancialmente superior. Acredito, verdadeiramente, no poder da palavra. Uma boa conversa, se possível com a mutualidade do olhar, uma boa escuta, por vezes até uma discussão aguerrida em busca de um consenso, constituem algumas das memórias mais gratificantes da minha vida. Mesmo quando caminho sozinho dificilmente o faço em completo silêncio. Há um diálogo entre mim e eu próprio, entre mim e o meu Deus, entre mim e os meus outros, ainda que apenas dentro de mim, que muitas vezes me serena e me ajuda a encontrar as respostas para o meu quotidiano.  

No entanto, não tenho a palavra como definitiva. Porque a palavra por vezes não basta. E até é dispensável. Apesar de ser da palavra, prefiro por vezes o silêncio, o calar, o deixar que a vida e o tempo falem. Numa discussão demasiado exaltada o silêncio é preferível. Numa discussão unilateral, em que não somos ouvidos, o silêncio é preferível. Quando no que ainda há a dizer apenas sobressai a dor, o silêncio é preferível. Perante a inevitabilidade, o silêncio é sempre preferível. Porque a palavra, nessas circunstâncias, é muitas vezes eco de ressentimentos.

E para isso mais vale ficar calado.

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