"Solitude is for me a fount of healing which makes my life worth living. Talking is often torment for me, and I need many days of silence to recover from the futility of words." – Carl Jung


Conversava com alguns miúdos como gostamos de o fazer. Eu, que quando tinha a idade deles jamais me atrevi a conversar com um adulto, calculo que lhes seja pelo menos tão saboroso como para mim fazê-lo. É um dos verdadeiros privilégios da minha vida: poder conversar com quem quer partilhar de forma despretensiosa, eliminando as barreiras que cada um de nós se impôs. Na altura falávamos de Taizé e do silêncio e eu partilhei a minha experiência de silêncio no retiro dos jesuítas e de como isso me soube bem.

Hoje, tinha esta foto e esta frase de Jung - alguém cujo pensamento vou descobrindo à medida das necessidades - e desde logo fiquei cativado. Na realidade, é um pouco assim que me gosto de imaginar no futuro. A calma, o silêncio, a borda da água, os papéis na mão - o cachimbo também faz muito parte desse meu imaginário que me acompanha desde sempre - porventura a sabedoria profunda que a foto me inspira. Desde miúdo que quero muito que o meu futuro, a minha velhice seja algo como isto. Mas não só. Falta aqui algo que, mais tarde, se juntou ao imaginário:  os filhos e os netos, a pequena horta, o pequeno pomar, os ovos e as pequenas cestas de vime onde eles põem as novidades (como no campo se diz) para levarem para casa no final daquela maravilhosa tarde de domingo. Agora sim, acabada a algazarra que enche a vida, teremos a semana para o silêncio, o sossego, as caminhadas, os livros, a música... para nós.

Sonhar é-me tão fundamental como respirar. Desde sempre. E é-me tão natural que com a mesma naturalidade se tornou quase uma extensão da vida vivida. Mais, muito mais que antecipar, sonhar é sentir já o futuro, viver já o futuro, e quase inalar os aromas, escutar os sons, quase sentir na pele o fresco da manhã naquela borda da água.

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