Eu sei que é estúpido, mas nunca me vi como fisicamente frágil. Tive sempre a sensação que, fisicamente, era capaz de tudo. Poderia levar um certo tempo, poderia exigir um trino especial, mas não há nada que nunca tivesse conseguido. Talvez por isso tivesse uma altura em que gostasse tanto do ginásio: fazer exercícios de pernas com mais de 100 kgs dava uma enorme sensação de impunidade.

Aliás, a primeira vez que senti limitação física foi no Caminho. Cometi a sobranceria de não fazer qualquer preparação e o segundo dia custou-me horrores. Lembro-me dos últimos 5 kms desse dia como dos momentos em que mais tive que me superar. E que comecei a aperceber-me que já não tenho 20 aninhos.

Hoje, por sinal, fiquei de cama o dia todo. Gripe, penso eu, que destas coisas não percebo nada. Febre, dores nas articulações, intensíssima dor de cabeça e tonturas quando me ponho de pé. Nada de importante. O que importa mesmo é que, quando estou assim, vivo como que um regresso à infância. Não sei o que fazer, sinto-me completamente à mercê dos outros, e anseio pelas rápidas melhoras.

É vulgar dizer-se que a saúde é o melhor dos bens. Se salvaguardarmos a saúde daqueles que amamos - que é mais importante que a nossa - assino por baixo sem qualquer dúvida. Quando o corpo dói, quando não sentimos forças, quando nos encontramos limitados, é que damos valor ao que normalmente temos... e não agradecemos. É também nestas alturas que percebemos melhor aquelas pessoas que nos rodeiam e não estão já na flor da idade e de quem nos queixamos tanto por ouvirmos constantemente as suas queixas. Pessoas como a minha sogra, por exemplo, que hoje, mesmo a mancar, lá me serviu o almoço e o lanche com todo o carinho.

Valha-nos sermos uns para os outros.

Comentários

Mensagens populares deste blogue