Sou católico, acredito na ressurreição mas não na reencarnação. Porém, justamente porque sou cristão, acredito que, se tivermos sorte, nos deixarem e, principalmente, se tivermos quem nos ame o suficiente para nos ajudar, podemos renascer muitas vezes.

Faz hoje sete anos foi justamente isso que me aconteceu. Vivera alguns ofuscado pela luz, como uma traça, protagonizando um filme que não era o meu, num clamoroso erro de casting que quase acabava com tudo. Assumira muitos papéis, pintara muitas cores - nem sempre as mais claras e bonitas - tentando por todos os meios que a verdade, aquela que nos confronta do outro lado do espelho, tardasse a chegar.

Faz hoje, precisamente, sete anos, que me foi permitido recomeçar. Mais uma vez. Como se não tivesse havido ontem, como se tivesse feito um reset, como se o passado fosse apenas uma história mal amanhada. Apesar de o ser apenas fora de mim, apesar de todos os dias eu fazer questão de não me esquecer do que (não) sou capaz, foi muito importante sentir-me acolhido, acarinhado e levado a ultrapassar-me.

Não acredito na reencarnação mas acredito muito na capacidade quase infinita de cada um se obrigar a refazer. Mas acredito também que ninguém o conseguirá sozinho. Porque naqueles breves momentos em que nos olhamos ao espelho e nos confrontamos com a nossa própria verdade, se não tivermos quem acredite em nós e nos estenda a mão, seremos os primeiros a duvidar se tanto esforço vale a pena.

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