Não sou muito dado a coincidências, que para mim são, normalmente, pequenos sinais. De Deus, naturalmente! Por isso, acredito que deve ter u significado qualquer o facto de eu ter lido apenas um livro aos meus filhos - creio que a todos - durante toda a sua infância: O Principezinho. Pareceu-me uma boa forma de os introduzir na vida vivida, nas pequenas desilusões e alegrias, na procura do autêntico - ainda que muitas vezes ridicularizado - no olhar atento ao que nos rodeia. Não fiz grandes palestras filosóficas - ainda tentei mas eles não mo permitiam - e deixei aquilo a pairar neles. O que é facto é que, ainda hoje, conseguimos identificar todos algumas das situações do livro que têm correspondência na vida e isso ajuda-nos a sintonizar uns com os outros.

Uma das partes do livro que mais me acompanha neste percurso é a do cativar. São muitas as vezes em que, tal como a raposa avisou, me visto interiormente para a visita de alguém que prometeu vir. Apesar de muitas vezes essa espera ser em vão - todos vamos tendo vidas muito ocupadas, Graças a Deus! - sinto sempre que valeu a pena. Só a expectativa de estar com quem gosto, só o antecipar o prazer de uma boa conversa, permite-me revisitar quem gosto e voltar a saborear o passado. Mesmo não estando juntos por causa das vicissitudes da vida, vamos estando juntos naquela parte da vida que os cientistas - prisioneiros do temo e do espaço- fingem não existir mas que é aquela que, justamente, nos define enquanto pessoas: a alma, o espírito, o "cá por dentro".

E quando alguém habita o "cá por dentro", não há longe nem distâncias, como dizia Bach (o Richard, não o Johann, claro!)

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