"el milagro se trata de “personas pequeñas, en lugares pequeños, haciendo cosas pequeñas” a favor de los crucificados"
Creio no Deus da pequenez. Creio no Deus que me troca as voltas e à minha insaciável, ocultada mas constante sede de protagonismo alicerçada num auto-imposto amor próprio que muitas vezes me conduz à tentação dos bicos de pés. Creio no Deus que me acontece por entre as batalhas do orgulho e me acorda chamando pelo meu nome. Creio no Deus que me chega de fora, nos outros e pelos outros, tantas vezes por palavras que magoam mas me recolocam no Seu caminho. Creio do Deus do sussurro, do inaudível, do inaudito, do pressentido, do intuído, que escolhe não prescindir de mim, da minha vontade, do meu desejo de acordar para poder ser.
Conversávamos o final do Caminho, como o fizemos em Taizé, no CoMTigo, nos corredores do colégio. Há já muito tempo que somos mais que os papéis que assumimos, há já muito tempo que somos mais que professor e aluno, há já muito tempo que partilhamos dúvidas e medos que descobrimos comuns, embora desfasados no tempo. Sempre que conversamos fico espantado com o que lê de mim: nas minhas quedas as suas quedas, nos meus medos os seus medos, nas minhas ressurreições a esperança das sua ressurreição. É a procura que nos une, a insaciedade interior que nos atormenta e nos impulsiona, mas sobretudo esta nefasta e omnipresente necessidade e dificuldade em nos sentirmos gostados. que nos torna inseguros, carentes, sedentos de atenção. E são sempre mutuamente importantes as nossas conversas.
Nunca entendi bem o "E quem dizeis vós que Eu Sou" de Jesus. Entendo-o em mim - falamos justamente nisso, na nossa conversa - mas não em quem é cheio de certezas. Mas depois penso que, calhando bem, talvez Jesus não fosse assim tão cheio de certezas. Talvez andasse à procura. Talvez tateasse a vida, talvez intuísse o Pai, talvez estivesse necessitado do Seu Amor. Talvez fosse mais como eu e menos como o deus que todos pensava que era. E sinto-me ainda mais próximo dele.
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