Convidaram-me para falar de como é esta coisa de viver com fé dentro às turmas do 11º ano. E eu, que padeço desta incontinência verbal que me impede de dizer não a um bom desafio, tolamente, disse sim. E desde aí ando com este assunto na cabeça. É que falar do viver na fé é a mesma coisa do falar do respirar. Eu sei que respiro mas, exceptuando nos momentos em que o exercício aperta, não ando a pensar na maneira como respiro, se o ar entra pelo nariz passa pelos pulmões e é expelido pela boca. Não estou nem aí: respiro e já está. E, pelo menos nesta altura do meu campeonato - não significa que tenha sido sempre assim ou que o seja para sempre - viver com fé dentro é-me tão natural quanto respirar. Quer isto dizer que todos os meus atos, todos os meus pensamentos, todas as minhas pequenas decisões quotidianas são refletidas e ponderadas e contextualizadas pela fé e decididas de acordo com a minha fé? Claro que não. No entanto, espero, desejo, anseio, que subjacente a elas esteja a fé e que espelhem a forma como vivo a fé. Mesmo nas camelices - e são muitas - e na maneira como me arrependo delas e as tento trabalhar para ir sendo melhor, está presente a fé. Ou, sobretudo nelas, nas camelices, porque originalmente foi essa permissão para renascer que me atraiu em Jesus Cristo. Este olhar sempre novo sobre mim, sobre os outros e sobre a vida, sem coisas na manga, sem ontens recalcados, prenho de presentes possíveis e futuros sonhados, vividos e contagiados, tem muito a haver com a minha fé, com a maneira como vivo a fé. Agora... como se explica isto senão vivendo isto?
Depois de uma Jornada que, por todos os motivos e mais um, me encheu a medida, estou, finalmente! de férias. Como sempre acontece, ontem fui à missa. Uma igreja pequenina, fora dos grandes centros, predominantemente com avós e alguns netos. No altar, um sacerdote que poderia ser avô, a debitar, solene e profusamente, sobre o que aconteceu na JMJ: a maravilha que é ter tanta juventude reunida, a enorme importância do silêncio - que, segundo ele, os jovens não conseguem fazer (e ele não se calou um segundo!) - a organização da Igreja, capaz de congregar gente de todo o mundo, e sobretudo a centralidade da eucaristia dominical pois sem a paróquia nada se consegue. E termina a homilia assim: vamos rezar pelos nossos jovens, para que eles descubram que é possível a alegria na Igreja. Como se a alegria em que vivi mergulhado na semana passada acontecesse por causa deles e não apesar deles! Confesso que me torci todo com aquela homilia autoreferencial. Como é possível, depois do que vivi, dep
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